A começar pelas aulas de educação física na escola, Krystyna sempre gostou de correr e fazer exercício. Começou a praticar esqui e reagiu bem aos treinos exigentes. Nada indicava que os seus rins não estavam a funcionar corretamente.
A minha vida, a minha aventura
Os primeiros sintomas
Durante o primeiro ano na universidade, Krystyna teve pela primeira vez uma pielonefrite, uma infeção no trato urinário, mas fez o que pôde para ignorá-la. Após a licenciatura, começou a trabalhar como professora de educação física e treinadora de esqui.
“Quando me disseram pela primeira vez que tinha de fazer diálise, tinha 31 anos. Isso foi em 1984.” Contudo, o seu problema manteve-se estável durante mais 10 anos e Krystyna pôde seguir o sonho de ser treinadora. Tornou-se treinadora e coordenadora esqui. Um dos seus atletas ganhou uma medalha de prata nos campeonatos na Suécia. Depois deste sucesso, Krystyna começou a treinar seis esquiadores que estavam a preparar-se para os Paraolímpicos em Nagano, em 1998.
“Nessa altura, os meus níveis de creatinina estavam nos 4,12 mg/dl. Mas não queria saber: Estava mais focada nos Paraolímpicos e noutros eventos que se seguiriam.” Em março de 2000, os seus níveis de creatinina quase chegaram aos 8 mg/dl e os médicos efetuaram um procedimento cirúrgico para criar uma fístula arteriovenosa.
Diálise
“A minha primeira sessão de diálise foi realizada no dia 2 de janeiro de 2001 - mesmo no início do século XXI.” Krystyna explica que teve de começar a fazer diálise porque estava muito doente. O rosto e as pernas estavam a inchar. Tinha dificuldade em sair da cama e, ocasionalmente, sangrava da boca. No começo, ficou devastada e com receio da sua nova vida, mas, depois de um mês em diálise, Krystyna habituou-se à nova realidade. Sabia que queria continuar a ser treinadora e desenvolveu uma nova rotina, integrando a diálise no seu horário. Continuou assim durante 11 meses.
Transplante renal
“Estava à espera de um transplante desde a minha primeira sessão de diálise. Era o meu maior sonho.” A cirurgia foi realizada numa clínica em Varsóvia, em novembro de 2001. O cirurgião-chefe foi o Dr. Andrzej Chmura. Para Krystyna, foi altura de parar e pensar na sua vida. “Deram-me uma segunda oportunidade, mas apenas porque alguém perdeu a vida.” Krystyna está grata por, através deste sofrimento, ter recebido o presente mais precioso que alguém pode partilhar com outro ser humano. Sabe bem a sorte que teve por receber um transplante ao fim de apenas 11 meses de diálise. Algumas pessoas têm que esperar vários anos até receberem um novo órgão.
Associação
A Associação Desportiva Polaca para Transplantados foi criada em 2005. Os principais fundadores foram o Prof. Andrzej Chmura, cirurgião e especialista em transplantes, e a mestre Krystyna Murdzek. Antes deste marco, também em 2005, trabalharam em conjunto na organização do primeiro evento desportivo a nível mundial para crianças transplantadas, realizado na Polónia. A associação promove a doação de órgãos e encoraja a atividade física entre as pessoas transplantadas e em diálise. “As nossas principais atividades incluem desportos, atividades recreativas e terapia física. Fazemos o nosso melhor para atingir as metas sociais e psicológicas.” Os atletas da associação já ganharam 449 medalhas nos Mundiais. A sua maior conquista foi a organização do 8.º Campeonato Desportivo Europeu para Doentes Transplantados e em Diálise, em Cracóvia, em 2014. Dos 22 países participantes, a equipa da Polónia ficou em segundo lugar.
Diálise pela segunda vez
Um transplante não dura para sempre. Dezasseis anos após a cirurgia, Krystyna teve de começar a fazer diálise novamente. Em agosto de 2017, voltou a fazer tratamento no Centro de Diálise da Fresenius Medical Care em Krosno. Começou a preparar-se para um novo transplante e, ao fim de um mês e meio, estava na lista de espera. “Estou em lista de espera, estou a trabalhar na Associação e estou a treinar. Não é fácil, porque estou 17 anos mais velha, mas não vou desistir”. Durante cada sessão de diálise, Krystyna exercita-se com halteres para trabalhar as pernas e os braços e ficar mais forte após a cirurgia. Partilha os seus conhecimentos com outros doentes. Tem como objetivo futuro preparar a equipa para o Campeonato Europeu em Cagliari, Itália, e organizar eventos desportivos na Polónia.
“Estou a seguir os meus sonhos: o meu livro, Moje drugie narodzenie (O meu segundo nascimento) foi publicado em 2005, participei nos Paraolímpicos em Nagano em 1998 e em Vancouver em 2010. Foi-me concedida a Cruz da Ordem da Polónia Restituta pelas minhas conquistas no mundo do desporto para pessoas com incapacidades. Representei a Polónia 7 vezes e ganhei 45 medalhas em atletismo, natação, ténis, tiro desportivo, dardos, esqui e biatlo. Em 2005, sagrei-me campeã mundial em salto em comprimento nos Jogos Mundiais para Transplantados no Canadá.
De 2005 a 2010, fui membro do Comité Presidencial da Federação Europeia de Desportos para Transplantados e Doentes em Diálise. O desporto deu-me a oportunidade de visitar vários países interessantes.”